We flee toward the thing we try to escape
2024
We flee toward the thing we try to escape 2024
A instalação We flee toward the thing we try to escape, em que criei um corpo que se infiltrou em um espaço arquitetônico marcado pela forte presença de estruturas rígidas de concreto, formando um microcosmo que se unia à arquitetura e fundia dentro e fora, transformando o ambiente em um único organismo, instável e sensível. A grama plantada diretamente no chão crescia e gerava um microambiente – insetos, plantas hospedeiras que estavam presentes na terra retirada do entorno passam a habitar esse espaço –, ao mesmo tempo que se instalou, infiltrando nos desenhos formados da própria constituição do espaço arquitetônico, – Círculos e faixas que cortavam todo o concreto do prédio idealizado pelo arquiteto Tadao Ando (Japão) – integrando elementos antes descartados e trazendo-os do exterior para dentro, em um diálogo contínuo entre natural e construído. Assim, deixou de ser apenas um suporte para se tornar um corpo coletivo, instável, falho e permissível. Corpo e espaço se confundem: tornam-se superfícies sensíveis, em constante troca.
As esculturas compostas por galhos secos, raízes e tubos translúcidos com líquidos verdes funcionam como extensões desse corpo expandido: estruturas frágeis, porosas, que oscilam entre resíduo e organismo, prótese e carcaça. Nelas, a matéria natural é atravessada por elementos industriais, instaurando uma ambiguidade que rejeita qualquer ideia de pureza da natureza. Ao infiltrar o espaço com essa instabilidade orgânica, a obra revela um jogo de tensões: de um lado, a rigidez geométrica, silenciosa e controlada do concreto; de outro, a imprevisibilidade da vida, cresce e ocupa. O título do trabalho – We Flee Toward the Thing We Try to Escape – sugere esse paradoxo: a tentativa de controlar ou excluir a vida do espaço arquitetônico resulta justamente em sua insistente presença, uma pulsação que retorna e atravessa as brechas. Nesse sentido, a obra é um ensaio material sobre a porosidade das estruturas e a inevitável fusão entre corpos, ambientes e tempos.
























